sexta-feira, 24 de maio de 2013

Comentário crítico ao livro FRAGMENTOS E ESTILHAÇOS, de Simone Pedersen




Tirei maravilhosas impressões do livro "Fragmentos e Estilhaços", da escritora paulista (natural de São Caetano do Sul) - Simone Pedersen; li os poemas, todos de excelente lavra, inspirados pela alma sentimental da autora que deixa aflorar seus melhores instantes. Também li crônicas e contos alternadamente e concluo, ao encerrar a leitura do livro por inteiro, que trata-se de uma obra auto-biográfica, tantos são os assuntos da vivência da autora, explícitos de forma tão romanticamente bela.
Gostaria de dizer a você, Simone Petersen, que muito nos honra tê-la conhecido através dos seus textos. Você é uma escritora verdadeira, na acepção da palavra. Seus textos são como pétalas de rosas a cairem à nossa frente, a cada palavra bem colocada e período descrito. Lê-los nos oferece o verdadeiro prazer da leitura, que só é possivel quando estamos degustando com a mente o universo criado ao seu redor. Há muito não me deparo com obra de tal valor literário. E eu leio, pelo menos um livro por semana, há anos! Daí porque, quero expressar-lhe o que de melhor pude perceber do seu magnífico estilo e do tratamento tão próprio da nossa vernácula. Textos curtos ou não muito longos que nos transportam para onde você estava quando os criou. Isso é o verdadeiro papel do escritor: fazer o leitor viver e sonhar em sua obra, durante e depois da leitura, em reflexões e voos encantados.
Também faço menção de elogios ao ilustrador Paulo Branco.Peço-lhe que passe para ele as minhas positivas impressões sobre o seu magnífico trabalho, tanto no livro em tela, quanto nos livros de Poesia com ilustrações e desenhos muito interessantes e criativos.
Parabéns, querida amiga e glória a Deus por você existir.
Continue a escrever asssim e em breve estará entre as estrelas da nossa rica literatura.

Ricardo de Benedictis


http://www.poesias.omelhordaweb.com.br/pagina_textos_autor_modelo.php?cdPoesia=68952&cdEscritor=794&cdTipoPoesia=&TipoPoesia=

Publicado no site: O Melhor da Web em 23/12/2010
Código do Texto: 68952

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Estrupício




Olá, meu nome é Ana, mas você pode me chamar de Aninha.
Eu moro aqui na Penitenciaria do Tremembé, desde 2006. Estou angariando assinaturas para um pedido de soltura.
Vocês devem estar curiosos em saber como eu, uma pessoa tão culta, dois doutorados, fluente em sete idiomas, vim parar aqui.
Pois eu vou contar-lhes a minha triste estória.
Tudo começou quando eu peguei um cachorro para criar.
Lindo e fofo, ele era uma gracinha e parecia um bebê. O filho que eu nunca tive, do marido que eu nunca encontrei.
Mas ele cresceu e com o tempo parecia um bezerro, depois um cavalo e no final parecia um hipopótamo de tão grande e estabanado.
Não era mais possível mantê-lo dentro de casa, vocês devem imaginar o porquê, principalmente se leram o livro “Marley e eu”, que aliás eu acho que deveria ser intitulado “Marley OU eu”.
Voltando ao meu caso, o nome do meu cachorro é Estrupício. Afinal, como livros e filhos, cada um dá o nome que quer ao seu, e depois, o coitado que se vire com as piadinhas o resto da vida. Escolher esse nome foi quase uma premonição.
Estrupício era um cão cheio de energia, e com a estranha ideia de que era um cão cantor ou lobo, vivia latindo ou uivando. Latia para tudo, para gato, pessoas, carros, e até se uma folha caísse, ele corria desenfreado e babando a latir para aquela folha, ali caída, sem vida, sem fazer nada para provocá-lo.
O meu vizinho, um senhor de noventa e dois anos de idade, que era muito preguiçoso, pois nem trabalhava mais, era uma pessoa má e egoísta, e queria que o pobrezinho do Estrupício não latisse de tarde, porque ele queria dormir, enquanto os brasileiros trabalhavam para levar o país ao progresso e desenvolvimento.
Eu tentei explicar-lhe que Estrupício era assim e não tinha como impedi-lo, e ele, muito grosso e mal educado, dizia que eu devia prender o cachorro dentro de casa durante as tardes para ele descansar, e a noite também, porque a mulher dele, outra sobrevivente, não conseguia dormir a noite com os latidos e uivos, que eram de enlouquecer quando a lua estava cheia, devo admitir.
Eu que sou uma mulher letrada, informei ao Seo Zé que já existiam fones de ouvido e janelas anti ruídos disponíveis no mercado, e que se ele não quisesse reformar a casa, poderia sempre mudar-se, havia programas de financiamento para casas populares e planos especiais para aposentados. Além de asilos, claro, para pessoas que, como ele, não mais se enquadravam ao convívio social. Tudo com muita educação, claro, termos rebuscados, com a maior “finesse”...
Foi quando a guerra começou. Seo Zé comprou biribinhas e bombinhas e quando Estrupício começava latir, ele cruelmente as soltava pois sabia que “Estru” tinha medo de rojões, e ficava tremendo o resto da tarde embaixo da minha cama.
Vejam a que ponto chega o ser humano, quanta maldade e egoísmo. Se o Green Peace soubesse, com certeza estaria ao meu lado, me apoiando. Mesmo Estrupício não sendo uma baleia, hipopótamo também nada, e Estru era desengonçado como um, além de excelente nadador. Eu não podia esquecer o portão aberto que ele corria para a piscina do meu vizinho idoso, lá se atirava e de tanta felicidade, babava como um equino. Eu quase chorava de ver a felicidade do meu lindo cachorro, enquanto o vizinho reclamava que ele sujava a água da piscina.
Eu comecei a perceber que seu Zé era mesmo do mal, e que poderia cometer algum ato mais violento, como dar comida envenenada para o meu cachorro o que causaria uma morte lenta e com dores extremas.
Ele dizia que gostava do Estrupício e só queria descansar em paz, mas eu sabia que aquilo era uma tática para me confundir, enquanto ele planejava assassiná-lo, sem dó.
Foi quando eu percebi que era Estrupício ou o Seo Zé. E vocês hão de concordar, que com noventa e dois anos, o Zé já tinha desfrutado o suficiente do planeta terra, e o Estrupício ainda era um bebezão, só tinha dois aninhos, uma vida toda pela frente alegrando as nossas vidas.
Peguei uma espingarda então, e fingindo que atirava num ladrão imaginário, pum, acertei o Seo Zé no coração no primeiro tiro. Sorte de principiante eu sei. E ele caiu na calçada, durinho. Observem como fui boa e ponderada, nada de morte sofrida, com facadas, não, escolhi uma morte instantânea, sem dor, afinal sou uma humanista.
Pronto, agora ele poderia descansar todas as tardes, noites e manhãs, me deixar em paz, e o Estrupício poderia latir e uivar quando e quanto quisesse. E se a esposa dele viesse reclamar, ela seria a próxima. Afinal, eles nasceram um para o outro e haviam prometido viver e morrer juntos mesmo.
É assim que as pessoas educadas resolvem um conflito, eliminando o mal pela raiz, sem discussões, sem bate boca. Isso é coisa de gente ignorante.
A única parte ruim da história é que um vizinho testemunhou o fato e me denunciou à polícia, e eu agora terei que ficar aqui por mais vinte e oito anos, e acho que o Estrupício não vai poder me esperar tanto tempo assim.
Pelo menos tenho certeza que quando sair daqui, a bruxa da esposa do Seo Zé já terá ido encontrá-lo no além, para meu alívio.
***
De repente, acordo com o coração disparado. Que pesadelo, penso eu, aliviada e atormentada ao mesmo tempo, imaginem, os meus vizinhos são uns velhinhos tão simpáticos e dóceis. Mas quando abro os olhos, eis que vejo a grade. Seria a realidade ou estaria sonhando que tive um pesadelo?
Não, não era sonho. Eu estava ali mesmo. A minha irmã gêmea tinha novamente aprontado das suas e eu levara a culpa. Como poderia encontrá-la agora para me vingar? Desde que ela morreu, quando tínhamos quatro anos, ela aparece quando lhe dá vontade. Foi assim desde o útero, onde já me empurrava para ter mais espaço. Se perdia na brincadeira chorava feito louca. Eu bem que acreditei que a jogando na piscina sem boia acabaria com o problema, mas não, ela não aceitou perder nem para a morte.

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Folha Notícias








JC - Jornal da Cidade - Jundiaí / Janeiro 2012



SAUDADE


De todos os bichinhos que nos mordem, o da saudade é o mais estranho. Enquanto as feridas dos outros não cicatrizam se não forem tratadas, e inicialmente pequenas aumentam até consumirem a pessoa, a mordida da saudade é imensa no começo e sozinha diminui dia a dia. Muitas vezes, desaparece completamente. Outras vezes, deixa apenas uma sensação de ardor quando o tempo esfria.
O bichinho da saudade é uma praga que se multiplica em aeroportos e rodoviárias. Quem nunca viu um casal apaixonado se despedir aos prantos quando a separação será de apenas poucas semanas ou meses? Mães que choram porque o filho – já adulto – estará ausente por um final de semana prolongado. Talvez a saudade doa tanto por medo da distância eternizar-se. Depois que nos acostumamos com várias idas e vindas, ela não nos morde mais. Sabemos onde ela gosta de morder e nos precavemos.
Talvez a saudade doa tanto por medo de estarmos sós. Quem não preenche seus dias sem a presença das pessoas amadas tem mais dificuldades em lidar com essa dor. Não que possamos viver sem amor. Nada mais agradável do que termos o coração aquecido num abraço apertado ou pelo sorriso de uma criança. A verdade é que algumas pessoas são imunes a esse bichinho. Conseguem racionalizar de forma a criar um invisível escudo.
Eu só conheço um remédio para a saudade: manter-se ocupado. Na correria do dia a dia fica mais fácil evitar pensamentos cíclicos. Por isso quem viaja normalmente sente menos saudades do que quem fica. No destino tem sempre novidades. Quebra de rotina. Quem fica não tem nada de diferente ou novo para preencher os horários que antes eram compartilhados.
Excepcionalmente há mordidas de saudades que nunca diminuem, começam imensas e imensas permanecem pela vida toda. De tão grandes consomem até nossa alma. Saudade de pais e filhos é assim. A única cura é o reencontro. Esse é o amor verdadeiro.

A morte e o adeus



 “My heart has broken into a million
                                                     dying stars on a dark, dark sky.
                                                      Neither comets nor planets shall
                                                      ever candle my night again”.

Naqueles dias em que o passado bate a sua porta e você finge que não ouve, mas ele o espreita pela janela, o que fazer? Partidas sem despedidas deixam um vulto em nossas vidas. Muitas vezes, as pessoas são levadas pela morte na calada da noite. Outras, a doença nos anuncia a chegada e não sei dizer se sofremos menos por diluir em um prazo maior ou se simplesmente morremos um pouco a cada dia de espera.
Outras despedidas são impostas pela vida. Uma amiga saiu do emprego onde trabalhava há sete anos. Não foram poucas as lágrimas. Quantos laços criados em um ambiente de trabalho em que passamos mais tempo do que com a própria família? As promessas de reencontros são muitas. O tempo é implacável e aos poucos o esquecimento se apodera das relações. Talvez um ou dois colegas continuem a se encontrar. Para onde vão os sentimentos e os laços desenvolvidos nesse período? Emoções divididas, fotos de momentos marcantes e palavras de incentivo ou consolo: tudo desaparece de um momento para outro e fica apenas a sensação de nevasca na alma. Um coração que recebe tantas pancadas acaba transfigurado no final da vida. Compreensível as pessoas criarem um escudo em novas relações.
Quem já sofreu com uma despedida, não deseja outras. Conheço pessoas que passaram a vida em uma mesma cidade, desde o nascimento até a morte. O resultado são relações fortes, apoio no infortúnio, popularidade e um sentimento de estar em casa: o conhecido nos conforta! Eu morei em tantas cidades desde a infância, cruzei e convivi com pessoas de diferentes localidades e etnias. Perdi de vista amizades importantes enquanto construía ninhos em novas florestas. Mudei de casas, escolas, cidades, países, cidades em outros países. Espero nunca mais ter que me mudar. Sinto que hoje nascem raízes de meus pés.
Com tantos deslocamentos, tenho amigos em lugares distantes e não é fácil encontrá-los pessoalmente. Algumas amizades perduram até hoje e quando nos encontramos, parece que foi ontem a última vez que nos vimos, mesmo que tenham se passado meses ou anos. Não nos despedimos, apenas dissemos “até breve”. Outras pessoas desapareceram como grãos de areia em uma tempestade de deserto e hoje sequer sei como estão. Contatos perdidos não são lembranças jazidas. De vez em quando me lembro delas e me pergunto por onde andam, como estão de saúde, como foram tratadas pela vida... Sem o ritual do adeus, nunca superamos a dor da perda.
Além dos amigos e familiares, temos as despedidas dos amores. Algumas pessoas são extremamente afortunadas e caminham de mãos dadas desde a juventude até o sono final. Outras nunca sequer provam desse momento de fusão de almas, buscando eternamente por alguém que as ame, algumas vezes se contentando com relações doentias. Outras vezes, encontramos a pessoa perfeita, mas não temos sentimentos por ela – ou ela por nós -, ou temos sentimentos por uma pessoa que não é compatível. Perfeição não existe. Mas dentro da nossa imperfeição é possível encontrar alguém que se encaixe, compensando falhas e nos trazendo equilíbrio, paz e serenidade. Quando duas pessoas fazem mal uma à outra, o único remédio é a despedida. A não ser que haja motivação suficiente para mudar, o que raramente acontece.
Essa despedida é a mais difícil de todas: a que tem que partir de nós. Nesses casos, acenar de longe é permitir que a outra pessoa siga seu caminho e encontre a felicidade em outra ilha. Dizer adeus é dar a Deus quem queríamos que fosse nosso para sempre, para  seu próprio bem.
“Adeus meus sonhos, adeus meus amores! Meus pobres versos, minha doce lira, desta vida insana, só vagas flores, breves ilusões e tristes mentiras”. (Onofre F. do Prado)

terça-feira, 14 de maio de 2013

Retratos




Artista Paulo Branco

O Mundo Literário informa:


Vocabulário inclusivo
http://tudobemserdiferente.wordpress.com/2013/05/13/voce-sabe-quais-palavras-usar-para-falar-sobre-deficiencia/


SisEB
http://aprendersempre.org.br/


Conheça a Biblioteca do Futuro de hoje


A biblioteca James B. Hunt, da Universidade da Carolina do Norte nos Estados Unidos, inovou usando tecnologia. A instituição utiliza robôs que buscam os livros para os leitores, que podem acompanhar o trajeto enquanto aguardam a obra. A tecnologia não é recente, já é muito utilizada em indústrias e em empresas de logística. Mas os americanos foram os primeiros a adaptar a ideia para uso em bibliotecas.
A biblioteca também agrada por sua arquitetura. Recém-inaugurado, o edifício que abriga os livros impressiona o visitante assim que é avistado. O design foi criado pelo escritório norueguês Snøhetta e conta com telões de exibem projeções de vídeos, games e até do Twitter da Biblioteca.
O vídeo abaixo mostra como funciona a biblioteca:

Dualidade

Dentro de mim vivem duas mulheres. 
Uma menina e uma velha.
A velha sonha em ser poeta.
A menina gosta de fazer arte.
A poeta sofre e chora.
A artista procura sempre uma saída.
A que chora vive no mundo do poço.
A que sai encontra sempre novas vidas.
A do poço tem frio e dorme encolhida.
A das vidas não sabe o que é noite ou dia.
Assim vivem minhas mulheres.
Há quem diga que são loucas ou pura fantasia.
Só eu as conheço e sei do que precisam.
Sei que é uma é romântica com todo coração.
Por sorte, a outra é forte e realista.
Não abro mão de nenhuma delas.
Um dia ainda, hão de se tornar uma única Simone.
Nesse encontro, não quero velas nem lágrimas.
Quero uma grande festa de despedida!